Segundo o Dicionário Michaelis, “extravagância” significa: “Qualidade daquele ou daquilo que é extravagante; excentricidade; esquisitice; estroinice; dissipação; libertinagem”. Mas o adjetivo “extravagante” tem sido usado para definir aquela “adoração espiritual” sem amarras, livre, que permite todos os estilos musicais, danças, coreografias, gritos frenéticos, assobios, etc., desde que o coração dos cantores, músicos e dançarinos estejam voltados para Deus.
De acordo com Robert L. Brandt, a palavra “adoração” denota “reverência”, “temor ao Senhor” e “veneração”. Trata-se de uma demonstração de grande amor, devoção e respeito; implica homenagem a Deus. 6 A adoração estabelece o tom para o louvor, fazendo aquele que está cantando fixar o pensamento na Pessoa a quem se dirige e considerar os seus atributos e interesses.
Há como “casar” adoração e extravagância? É claro que essa expressão, em decorrência da secularização de muitas igrejas, é mais do que aceita no meio evangélico. Contudo, gostaria que você refletisse um pouco sobre a grande incompatibilidade que há entre esses dois elementos.
Não julgo se os executores da tal “adoração extravagante” são ou não crentes espirituais. Tampouco os julgo quanto à sua convicção interior. Mas é bom lembrar que os homens-bomba, seguidores do Islã, também matam e matam-se cheios de certeza. Por isso, precisamos refletir com base no que a Bíblia diz, e não à luz de nossas preferências ou convicções pessoais.
Alguns pretensos ministros de louvor – ou de entretenimento? –, tal como os animadores de um carnaval, em cima de trios elétricos, têm divertido a “moçada”. Uma influente líder de adoração declarou à revista Veja: “Nós não fazemos entretenimento. Queremos que as pessoas se divirtam, mas louvando ao Senhor, e não a nós”. 7 Confesso que admiro em parte o trabalho dessa jovem compositora, porém a sua declaração foi infeliz. O louvor a Deus nunca deveria produzir diversão!
De acordo com a Bíblia, toda gritaria deve ser tirada do nosso meio (Efésios 4:31), exceto as palavras de glorificação a Deus (Salmos 29:9). Jesus disse que a verdadeira adoração deve ser “em espírito” (João 4:23,24). Ou seja, ela não é, em essência, uma manifestação do corpo, e sim do coração (Salmos 57:7; Efésios 5:19; Colossenses 3:16). O que agrada a Deus, antes de tudo, é o espírito quebrantado, e não as manifestações sonoras ou gestuais (Amós 5:23; Isaías 29:13).
Se a adoração não é uma manifestação exterior, e sim do interior, como associá-la à liberdade de movimentos do corpo? A posição corporal que denota submissão e adoração a Deus, em espírito, não deve ser extravagante, e sim reverente. “E Esdras louvou ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém, Amém! levantando as suas mãos; e inclinaram suas cabeças, e adoraram ao Senhor, com os rostos em terra” (Neemias 8:6).
Que tal substituir “adoração extravagante” por “adoração reverente”?
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