CRIANÇAS ‘PREJUDICADAS’
Do blog ECOnsciênciaAquilo que todo pai e mãe conscientes já sabiam, mesmo que por pura intuição, foi confirmado pela Universidade da Virginia, nos EUA: o desenho animado “Bob Esponja”, exibido aqui no Brasil pela TV Globo — sempre ela! –, faz mal ao cérebro das crianças.
Por enquanto, ninguém afirma ainda categoricamente que o programa infantil imbeciliza os baixinhos, mas já é um indicativo de que algo muito grave se esconde por trás da sucessão de imagens do enredo.
De todos os modos, o estudo detectou que assistir a apenas nove minutos do desenho provoca problemas de atenção e de aprendizagem em crianças de 4 anos de idade. A velocidade frenética das imagens foi apontada como responsável pela falta de concentração.
A pesquisa observou 60 crianças, divididas em três grupos. O primeiro assistiu a “Bob Esponja”; o segundo a “Caillou” — um desenho de ritmo mais lento –; e o terceiro tinha a opção de desenhar.
Após nove minutos, elas passaram por testes de função mental: aquelas que tinham visto “Bob Esponja” se saíram pior que as outras.
Em outro teste, que mediu autocontrole e impulsividade, as crianças que assistiram a “Bob Esponja” foram classificadas como ansiosas, pois esperaram apenas dois minutos e meio para abrir lanches oferecidos pelos pesquisadores. Os outros dois grupos esperaram pelo menos quatro minutos.
A maioria das crianças eram brancas e de famílias de classe média ou rica. Elas receberam testes comuns de função mental depois de ver desenhos animados ou desenhar.
As que assistiram a “Bob Esponja” marcaram, em média, 12 pontos a menos que os outros dois grupos, cujos resultados foram quase idênticos.
Pesquisas anteriores já haviam ligado o hábito de assistir TV ao déficit de atenção em crianças, mas o novo estudo indica que problemas mais imediatos podem ocorrer após pouca exposição.
Em média, desenhos infantis têm cerca de 22 minutos de duração, por isso, ver um episódio inteiro “pode ser mais prejudicial”, segundo os pesquisadores. No entanto, eles disseram que são necessárias mais provas para confirmar a ideia.
Os dados parecem reforçar a ideia de que a exposição à televisão é uma questão de saúde, segundo Dimitri Christakis, especialista em desenvolvimento infantil do Hospital Infantil de Seattle, que escreveu um editorial que acompanha o estudo publicado nesta segunda-feira na revista “Pediatrics”.
A professor de psicologia Universidade da Virgínia, Angeline Lillard , principal autora do estudo, disse que o desenho “Bob Esponja” não deve ser destacado. Ela encontrou problemas semelhantes em crianças que assistiram desenhos de mais velocidade de imagens.
O porta-voz da rede de televisão Nickelodeon, que transmite o desenho, David Bittler, como era de se esperar, não deu o braço a torcer e contestou as conclusões. “Bob Esponja, é destinado a crianças de 6 a 11 anos”, tentou safar-se.
Lillard disse que foram escolhidas crianças de 4 anos, pois é a idade em que se vê mais desenvolvimento em habilidades de autocontrole. O estudo não pode determinar se crianças de outras idades seriam afetadas da mesma forma.
A pesquisadora ainda disse que o estudo tem algumas limitações. As crianças não foram testadas antes de assistir à TV e todas tiveram resultados parecidos na avaliação dos pais de seu comportamento.
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