O evangelicalismo brasileiro é marcado por figuras controversiais. Há gente boa e anônima, ladrões famigerados, e alguns que, por cabeça fraca, se deixaram levar pela corrente, abrindo mão do divino dom de pensar. Pastores sérios e zelosos, vendilhões do templo e marionetes alienadas, todos eles fazem parte do cenário gospel brasileiro. De todas essas figuras controvertidas, uma delas exerce sobre mim uma enorme influência, e apesar da polêmica e do escândalo envolvido com o seu nome, não tenho vergonha de dizer: Sou um admirador do trabalho realizado pelo pastor Caio Fábio D’Araujo. Polêmico, existencialista, agitador, Caio reúne suficientes predicados para deixar os golpistas eclesiásticos de cabelo em pé!
Muito criticado, silenciado e perseguido por vários pastores, Caio Fábio viveu dias horríveis. Após o escândalo moral envolvendo a sua pessoa, o adultério seguido do divórcio, bem como a confissão em sua auto-biografia, o reverendo amazonense se desvelou ao público, abriu seu coração como nenhum outro, tirou a máscara e teve a ousadia de revelar ao mundo a sua verdadeira face. Sua hipocrisia, sua conduta dúbia, tudo isso foi delatado por ele mesmo, resultando no ostracismo ao qual ele foi submetido por alguns anos.
Não quero com isso justificar a atitude do Caio. Adultério é pecado, causa um tremendo estrago, deixa cicatrizes profundas e em alguns casos a ferida nunca fecha completamente, e o Caio sabe disso. Contudo, que direito temos nós de punir um homem por algo que ficou lá no passado, e que certamente Deus mesmo já perdoou? Será que Caio, em plena vigência da Graça, foi privado por Deus do perdão enquanto Davi, na dispensação da Lei, foi perdoado pelo Criador? Pecado é pecado, mas não sejamos cínicos: Assim como há pecado, também há perdão.
Acontece que, como todas as coisas – a longo e a médio prazo – cooperam para o bem dos que amam a Deus, assim também o pecado de Caio foi o ponto de partida para um renascimento. Das trevas do ostracismo religioso, do desamparo e do pecado, nasce um Caio ainda mais destemido, mais apaixonado e agora, ainda mais disposto a militar contra esse “evangelhocumba”, o neopentecostalismo sincrético e podre que contamina a alma dos crentes. A razão disso? Impossível dizer ao certo. Talvez as denúncias dele sejam resultantes do seu destemor, uma vez que sua vida pregressa é um livro aberto (literalmente!), e tudo quanto alguém poderia usar contra ele já foi dito por ele mesmo. Talvez tal ousadia seja apenas o cumprimento da palavra: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”.
Recentemente, um caso noticiado pelo site do referido pastor me deixou indignado. Fora o caso do seminarista que, imbuído de ódio contra ele, estuprou a ex-namorada. O resultado, além dos traumas que tal crime ocasionará, foi uma gravidez indesejada. Digo indesejada pelo modo como aconteceu, e não por uma predisposição da mãe ao aborto. A jovem, estudante universitária e administradora de um irrisório salário de 650 reais, esta decidida: Vai criar o filho no temor do Senhor. O bandido estuprador ameaçou a ex-namorada, caso a mesma pretendesse denunciá-lo; a reprimenda do bandido foi endossada pelo pastor da sua denominação. Na minha opinião, dois safados da pior espécie. Meu primeiro impulso: Encher a cara dos dois de porrada. Mas, infelizmente (ou não), nem tudo se resolve assim. A justiça, ao menos em teoria, ainda serve para legislar sobre estes temas.
O caso tem sido tratado com muito carinho e atenção pelo Caio. Ferido na alma muitas vezes, ele adquiriu o dom da empatia. Somos atribulados para consolar, escreveu Paulo à igreja Coríntia…
A jovem violentada, embora seja uma personagem real, é também um tipo, uma figura análoga, um arquétipo. Ela representa o anseio de uma juventude que cansou de ser evangélica, de ostentar títulos e placas denominacionais, de viver debaixo do jugo do legalismo disfarçado de santidade, do espiritismo disfarçado de pentecostalismo, da soberba disfarçada de autoridade espiritual. Gente ferida, machucada por dentro e (as vezes) por fora, e que encontra nele uma espécie de pai e profeta.
Enquanto Silas Malafaia busca manipular e dividir a opinião evangélica, alternando-se entre a venda de indulgências e a defesa da moral cristã, disfarçando-se de homem piedoso e militante pró-familia, Caio está curando as feridas de uma ovelha machucada. Enquanto Silas, Morris e Macedo devoram as o rebanho, o pastor ferido vai em busca da ovelha fraca, deixando no aprisco as noventa e nove.
Com uma aparência estranha, barba e cabelo comprido, o pastor mais parece um João Batista contemporâneo, a apontar o dedo contra a corrupção religiosa vigente. Toda pinta de lobo, alguém dirá. Concordo plenamente; no atual meio evangélico, onde a estética sobrepassa a ética e a aparência transcende à essência, Caio pode ser facilmente categorizado como lobo. Mas, se olharmos para os frutos, se aprendermos a olhar mais para o interior que para o exterior, se valorizarmos o espírito mais que a matéria, concluiremos que Caio ainda é uma ovelha. Uma ovelha em pele de lobo…
Continuarei orando pelo ministério de Caio Fábio. E espero, sinceramente, que muitas Estações do Caminho sejam inauguradas em todo Brasil. Orarei também para que se levantem mais homens comprometidos com a verdade, verdadeiros pastores – treinados pela vida – para oferecer apoio, esperança e consolo àqueles que, feridos em nome de Deus, não possuem mais nenhuma razão humana para continuar acreditando. Aliás, é justamente quando as razões humanas terminam, que nasce a verdadeira fé.
***Muito criticado, silenciado e perseguido por vários pastores, Caio Fábio viveu dias horríveis. Após o escândalo moral envolvendo a sua pessoa, o adultério seguido do divórcio, bem como a confissão em sua auto-biografia, o reverendo amazonense se desvelou ao público, abriu seu coração como nenhum outro, tirou a máscara e teve a ousadia de revelar ao mundo a sua verdadeira face. Sua hipocrisia, sua conduta dúbia, tudo isso foi delatado por ele mesmo, resultando no ostracismo ao qual ele foi submetido por alguns anos.
Não quero com isso justificar a atitude do Caio. Adultério é pecado, causa um tremendo estrago, deixa cicatrizes profundas e em alguns casos a ferida nunca fecha completamente, e o Caio sabe disso. Contudo, que direito temos nós de punir um homem por algo que ficou lá no passado, e que certamente Deus mesmo já perdoou? Será que Caio, em plena vigência da Graça, foi privado por Deus do perdão enquanto Davi, na dispensação da Lei, foi perdoado pelo Criador? Pecado é pecado, mas não sejamos cínicos: Assim como há pecado, também há perdão.
Acontece que, como todas as coisas – a longo e a médio prazo – cooperam para o bem dos que amam a Deus, assim também o pecado de Caio foi o ponto de partida para um renascimento. Das trevas do ostracismo religioso, do desamparo e do pecado, nasce um Caio ainda mais destemido, mais apaixonado e agora, ainda mais disposto a militar contra esse “evangelhocumba”, o neopentecostalismo sincrético e podre que contamina a alma dos crentes. A razão disso? Impossível dizer ao certo. Talvez as denúncias dele sejam resultantes do seu destemor, uma vez que sua vida pregressa é um livro aberto (literalmente!), e tudo quanto alguém poderia usar contra ele já foi dito por ele mesmo. Talvez tal ousadia seja apenas o cumprimento da palavra: “Onde abundou o pecado, superabundou a graça”.
Recentemente, um caso noticiado pelo site do referido pastor me deixou indignado. Fora o caso do seminarista que, imbuído de ódio contra ele, estuprou a ex-namorada. O resultado, além dos traumas que tal crime ocasionará, foi uma gravidez indesejada. Digo indesejada pelo modo como aconteceu, e não por uma predisposição da mãe ao aborto. A jovem, estudante universitária e administradora de um irrisório salário de 650 reais, esta decidida: Vai criar o filho no temor do Senhor. O bandido estuprador ameaçou a ex-namorada, caso a mesma pretendesse denunciá-lo; a reprimenda do bandido foi endossada pelo pastor da sua denominação. Na minha opinião, dois safados da pior espécie. Meu primeiro impulso: Encher a cara dos dois de porrada. Mas, infelizmente (ou não), nem tudo se resolve assim. A justiça, ao menos em teoria, ainda serve para legislar sobre estes temas.
O caso tem sido tratado com muito carinho e atenção pelo Caio. Ferido na alma muitas vezes, ele adquiriu o dom da empatia. Somos atribulados para consolar, escreveu Paulo à igreja Coríntia…
A jovem violentada, embora seja uma personagem real, é também um tipo, uma figura análoga, um arquétipo. Ela representa o anseio de uma juventude que cansou de ser evangélica, de ostentar títulos e placas denominacionais, de viver debaixo do jugo do legalismo disfarçado de santidade, do espiritismo disfarçado de pentecostalismo, da soberba disfarçada de autoridade espiritual. Gente ferida, machucada por dentro e (as vezes) por fora, e que encontra nele uma espécie de pai e profeta.
Enquanto Silas Malafaia busca manipular e dividir a opinião evangélica, alternando-se entre a venda de indulgências e a defesa da moral cristã, disfarçando-se de homem piedoso e militante pró-familia, Caio está curando as feridas de uma ovelha machucada. Enquanto Silas, Morris e Macedo devoram as o rebanho, o pastor ferido vai em busca da ovelha fraca, deixando no aprisco as noventa e nove.
Com uma aparência estranha, barba e cabelo comprido, o pastor mais parece um João Batista contemporâneo, a apontar o dedo contra a corrupção religiosa vigente. Toda pinta de lobo, alguém dirá. Concordo plenamente; no atual meio evangélico, onde a estética sobrepassa a ética e a aparência transcende à essência, Caio pode ser facilmente categorizado como lobo. Mas, se olharmos para os frutos, se aprendermos a olhar mais para o interior que para o exterior, se valorizarmos o espírito mais que a matéria, concluiremos que Caio ainda é uma ovelha. Uma ovelha em pele de lobo…
Continuarei orando pelo ministério de Caio Fábio. E espero, sinceramente, que muitas Estações do Caminho sejam inauguradas em todo Brasil. Orarei também para que se levantem mais homens comprometidos com a verdade, verdadeiros pastores – treinados pela vida – para oferecer apoio, esperança e consolo àqueles que, feridos em nome de Deus, não possuem mais nenhuma razão humana para continuar acreditando. Aliás, é justamente quando as razões humanas terminam, que nasce a verdadeira fé.
Postado por Leonardo Gonçalves, com amor e temor, no Púlpito Cristão.
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