Estrela no mapa aponta grande terremoto na Ásia, de 8,6 graus, registrado em abril deste ano; pontos brancos mostram onde ocorreram tremores decorrentes do primeiro abalo (Foto: USGS/Divulgação)
Estudo da ‘Nature’ pode servir de alerta a países suscetíveis a tremores.
Abalos foram registrados na África, Europa, EUA e até na América do Sul.
O maior terremoto deste ano, ocorrido no dia 11 de abril, no Oceano Índico, na porção sudeste da Ásia, causou poucos danos materiais, mas provocou tremores ao redor do mundo por pelo menos uma semana. A conclusão consta em uma análise feita por cientistas do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) em parceria com a Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos EUA.O abalo sísmico, de magnitude 8,6 na escala Richter, provocou tremores na África, na Europa, nos EUA, no México, na Oceania e até na América do Sul, aponta o estudo. Trata-se de um dos dez mais longos dos últimos cem anos e foi um terremoto incomum, dizem os pesquisadores.
O mais curioso, no entanto, foi descobrir que algumas áreas suscetíveis a tremores não foram atingidas rapidamente pelas ondas sísmicas, mas registraram abalos até seis ou sete dias depois, decorrentes do primeiro tremor.
O estudo foi publicado nesta quarta-feira (26) no site da revista “Nature”, junto com outras duas pesquisas sobre o tremor.
A descoberta serve de alerta para governos e populações que vivem em regiões sensíveis a terremotos pelo mundo, apontam os sismólogos. Para eles, mesmo que um enorme terremoto ocorra do outro lado do planeta, é possível, apesar de raro, que seus efeitos persistam por dias, diferentemente do que se pensava anteriormente.
Preocupação
Roland Burgmann, co-autor da pesquisa e professor da Universidade da Califórnia, aponta que “até agora” os cientistas acreditavam não ser necessário se preocupar com um tremor ocorrido em um local distante. “Este novo estudo mostra que, mesmo [um grande terremoto] sendo um fenômeno muito raro, que pode ocorrer com décadas de intervalo, existe um risco real” de que o abalo sísmico persista.
Os cientistas analisaram outros terremotos, como o ocorrido em 2004 na região da ilha de Sumatra, na Indonésia, com 9,2 graus de magnitude, e um registrado no Japão em 2011, em que milhares de pessoas morreram. Ao contrário do tremor deste ano, o reflexo destes abalos na atividade sísmica global foi bem pequeno.
Isto acontece porque o terremoto registrado neste ano gerou ondas sísmicas que se propagaram rapidamente e logo abaixo da superfície, aponta o estudo. Os efeitos de um tremor deste podem ser devastadores se ocorrerem em uma área urbana, na avaliação dos cientistas.
Em um dos dois estudos também publicados pela “Nature” nesta quarta, cientistas franceses da Université Montpellier II sugerem que o terremoto deste ano, junto com outro tremor na mesma região, de magnitude 8,2, podem significar o último passo na formação de uma nova “borda” de placas tectônicas na região, próximo à ilha de Sumatra, na Ásia.
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