Sobre Indulgências
Do latim indulgentia, que provém de indulgeo, "para ser gentil"
O Catecismo da Igreja católica romana (CIC) afirma que:
“Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, seqüelas dos pecados.” (CIC, 1498) O Papa Paulo VI (1963´1978), na Constituição Apostólica Doutrina das Indulgências (DI), ensina com clareza toda a verdade sobre esta matéria.
Começa dizendo que: “A doutrina e o uso das indulgências vigentes na Igreja Católica há vários séculos encontram sólido apoio na Revelação divina, a qual vindo dos Apóstolos “se desenvolve na Igreja sob a assistência do Espírito Santo”, enquanto “a Igreja no decorrer dos séculos, tende para a plenitude da verdade divina, até que se cumpram nela as palavras de Deus (Dei Verbum, 8)”. ( DI, 1) Assim, fica claro que as indulgências têm base sólida na doutrina católica (Revelação e Tradição) e, como disse Paulo VI, “se desenvolve na Igreja sob a inspiração do Espírito Santo”.
Algumas normas sobre indulgências
13. O Cardeal goza do direito de conceder a indulgência parcial em qualquer parte, mas só aos presentes em cada vez.
18. O fiel cristão que usa objetos de piedade (crucifixo ou cruz, rosário, escapulário, medalha) devidamente abençoados por qualquer sacerdote ou diácono, ganha indulgência parcial. Se os mesmos objetos forem bentos pelo Sumo Pontífice ou por qualquer Bispo, o fiel ao usá-los com piedade pode alcançar até a indulgência plenária na solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, se acrescentar alguma fórmula legítima de profissão de fé. (Indulg. Doctr., norma17).
Abusos - Comércio de indulgências
Durante a Idade Média documentos forjados declaravam que indulgências de caráter extraordinário foram concedidas. Documentos falsos divulgavam indulgências de centenas ou mesmo milhares de anos. A fim de corrigir tais abusos o Quarto Concílio de Latrão (1215) decretou que indulgências não devem ter mais de 40 dias. A mesma restrição foi promulgada pelo Concílio de Ravena em 1317.
Em 1392, o Papa Bonifácio IX escreveu ao Bispo de Ferrara proibindo a prática de certos membros de ordens religiosas que falsamente alegavam que indulgências concederiam o perdão de todos os tipos de pecados. Diversos outros papas, tais como Clemente IV, João XXII, Martinho V e Sisto IV lutaram e proibiram abusos indulgenciários praticados em sua época.
Apesar das restrições, o final da Idade Média viu o crescimento considerável de abusos, tais como a livre venda de indulgências por profissionais "perdoadores" (quaestores em latim). A pregação destes, em alguns casos era falsa, atribuindo às indulgências características muito além da doutrina oficial, alguns afirmaram que "Assim que uma moeda tilinta no cofre, uma alma sai do purgatório".
Reforma Protestante
A Igreja reconheceu a existência de abusos ao longo dos séculos, e usou sua autoridade para corrigi-las. Porém distúrbios posteriores na concessão indulgenciária seriam contestadas na Reforma Protestante. Em 1517 o Papa Leão X ofereceu indulgências para aqueles que dessem esmolas para reconstruir a Basílica de São Pedro em Roma.
O agressivo marketing de Johann Tetzel em promover esta causa provocou Martinho Lutero a escrever suas 95 Teses (Tetzel seria inclusive punido por Leão X por seus sermões, que ia muito além ensinamentos reais sobre as indulgências).
Embora Lutero não negasse o direito do Papa ou da Igreja de conceder perdões e penitências, ele não acreditava que dar esmolas seria uma boa ação, mas um ato semelhante à compra das indulgências e o perdão das penas temporais.
Tudo isso pra isso!
Uma indulgência neo-pentecostal, reflitam! Depois de uma breve explanação sobre indulgência e ver esta imagem, qualquer semelhança não é mera coincidência!
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Como criticar católicos romanos, que hoje nem mais discutem sobre indulgência, que já estão saturados de ouvir críticas de protestantes, e fechar os olhos para um ramo de evangélicos que surgiu no nosso meio!
"Acautelem-se", avisava ele, "e não dêem crédito aos clamores desses vendedores de indulgências! Há melhores coisas em que pensar do que na compra das tais licenças, que eles vendem pelos preços mais vis". Lutero para Tetzel
“Para não ser enganado por um vendedor, leia o contrato, Para não ser enganado por um falso pastor, leia a Bíblia.” Anônimo
Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Mateus 22.29
“Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos.” Oséias 6.6
“Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste, nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste (coisas que se oferecem segundo a lei)” Hebreus 10.8
Acredito que o mais correto seria rever as teses de Lutero e substituir a palavra “papa” ou “padre” por “certos pastores, bispos ou pseudo-apóstolos”.
Alguns pontos das 95 teses que poderiam ser utilizados e adequados para os nossos dias!
Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência. Tese 36
Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência. Tese 37
A intenção do papa (certos pastores, bispos ou pseudo-apóstolos) não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é o essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades. Tese 55
As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como a mais sublime graça decerto assim são consideradas porque lhes trazem grandes proventos. Tese 67
E assim esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas. Tese 95
Por hoje chega! Minha cabeça não agüenta mais tanta heresias!
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