terça-feira, 3 de janeiro de 2012

VOCE CHUPA A CHUPETA DO DIABO?


Meu nome é Gabriel dos Santos e eu sou um viciado – que ótima maneira de começar um artigo. Ontem, enquanto eu estava na lanchonete do meu trabalho, comprando um Café e alimentando este vício - não, calma, meu vício é café mesmo – deparei-me com uma cena cômico/daria-um-bom-artigo:

O rapaz chega para a menina do caixa e diz:
- Oi, me dá um Derby?
- R$ 5,30 – diz a cansada funcionária enquanto empurra o maço na direção do rapaz.
- Puts, você me deu logo o do brocha? – disse ele referindo-se a foto de um cigarro murcho atrás do maço, ironizando a impotência sexual causada pelo fumo – Não tinha o do câncer aí? – completou arrancando risadas de todos na fila. Chegando em casa, com esta cena tatuada na minha mente como música de carnaval da Bahia, peguei meu gravador branco, sentei-me no chão, cruzei as pernas, apertei um enorme botão vermelho e de posse do microfone comecei:
“Alô, Alô, planeta terra chamando… planeta terra chamando… esta, é mais uma edição, do diário de bordo, de lucas silva e silva, falando diretamente do mundo da lua…
‘Acordei’ num quarto estranho, parecia o cenário do Se beber não case 2. Acho até que era. Depois de tirar meu rosto do tapete, vesti uma camisa, sem saber de quem e desci. Será que eu estava em Bangcock? – como eu havia parado ali? Não sabia. No caminho até o térreo fui supreendido por um macaquinho fumante, qualquer semelhança com o filme citado é mera coincidência, pensei. Ao atingir a rua fui até uma loja de conveniência no intuito de descobrir o que estava acontecendo. Chegando naquela espelunca, um homem com traços orientais e cara de bandido de filme do Jason Statham olhou pra mim e disse algo, mas só saiu fumaça pela sua boca. OK, eu não sabia nem mesmo que língua se falava ali e claramente não era inglês, então perguntei no meu pior sotaque: “Excuse-me sir, would you know what time it is? – um ‘e aí? tem horas?‘ mais formal”. Mais uma vez, fumaça saiu de sua boca.
Outro homem entra na loja – ótimo! se eu não entendo um, imagine dois! – O estranho se dirigiu ao vendedor e soltou fumaça pela boca. A fumaça fazia desenhos, mas muito mais complicados que simples anéis. Ótimo, eles se comunicavam via fumaça! Uma vez pensei que o futuro da  Internet 3G poderia ser via fumaça, mas não toda a comunicação mundial! Perplexo, tentei soltar fumaça da minha boca para entrar no diálogo e não parecer um índio caído de paraquedas em Las Vegas. Fiz aquele “bafinho” que fazemos ao brincar no inverno. Nenhuma fumaça.
Foi então que o vendedor-com-cara-de-bandido me olhou e percebeu o que faltava, ele apontou para uma pilha de caixas que estavam ao meu lado. Pensei que fossem pilhas de maços de cigarros, mas uma placa sobre elas dizia: “Câncer em caixinha, só R$1,99″.
- O que?! as pessoas compram câncer agora? – pensei perplexo.
Mal terminei a sentença e várias pessoas começaram a entrar na loja em busca das caixinhas. Elas pegavam, passavam no caixa, pagavam e saíam felizes. Homens, mulheres, crianças, grávidas, idosos, todo mundo comprava. Neste ponto, não sabia mais o que procurar, nem o que fazer. Estava num lugar do qual não sabia bem onde, falando um idioma que eu não sabia bem qual era e pagando por câncer em caixinhas! Num ato de loucura tentei desesperadamente tomar as caixinhas daquelas pessoas, mas eram muitas! quanto mais eu tentava mais caixinhas elas pegavam e mais pessoas entravam na loja! eu caí! elas começaram pisar sobre mim, eu gritava desesperado, suava, remexia mas ainda assim continuavam a pisar-me em busca das caixinhas brancas! Então quando eu achei que não fosse mais conseguir respirar…
O gravador parou. Deu até pra ouvir o estralo do botão vermelho subindo. Acordei ensopado e ofegante. Câncer em caixinha?! dá pra acreditar!? quem seria louco de pagar para adquirir… câncer? Alguns sonhos não fazem o menor sentido! vai entender nossa mente! Você compra aquela caixinha, fica inválido, não faz sexo, morre, sua esposa se casa com outro e sua sogra vai dizer: “Nossa achei esse bem melhor, ainda bem que o outro comprava câncer em caixinha!”. Imagina?
***
O homem acima é Bryan Curtis, 33 anos, ele abraça seu filho Bryan Jr. nessa foto de 29 de Março de 1999. Fumante desde os 13, Curtis morreria cerca de dois meses depois devido a câncer de pulmão.
No dia da morte de Bryan, 3 de Junho de 1999 - 2 meses após receber o diagnóstico, sua esposa Bobbie e seu filho Bryan estão ao seu lado. A foto recente de pai e filho está entre as mãos de Bryan.
P.S.: Bryan Curtis é o homem com câncer atrás dos maços de cigarro.
*Chupeta do Diabo é o nome dado ao cigarro pela Organização Mundial de Saúde.
Este post é dedicado a um amigo, que fuma somente aos finais de semana

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