O ESTRANHO EM NOSSO LAR
Quando
eu estava crescendo, nunca questionei seu lugar na minha família. Em
minha mente de menino, ele tinha um lugar especial. Meus pais eram
instrutores complementares: mamãe me ensinava a fazer a diferença entre o
bem e o mal, e papai me ensinava a obedecer. Mas o estranho… ele era um
contador de estórias. Ele nos mantinha fascinados por horas sem fim com
aventuras, mistérios e comédias.
eu estava crescendo, nunca questionei seu lugar na minha família. Em
minha mente de menino, ele tinha um lugar especial. Meus pais eram
instrutores complementares: mamãe me ensinava a fazer a diferença entre o
bem e o mal, e papai me ensinava a obedecer. Mas o estranho… ele era um
contador de estórias. Ele nos mantinha fascinados por horas sem fim com
aventuras, mistérios e comédias.
Às
vezes, mamãe se levantava silenciosamente enquanto o resto de nós
ficava pedindo para falar baixo uns para os outros para que pudéssemos
dar atenção ao que ele tinha a dizer, e ela iria para a cozinha para ter
um lugar de paz e quietude. (Fico imaginando agora se ela ia ali às
vezes para orar para que o estranho fosse embora.)
vezes, mamãe se levantava silenciosamente enquanto o resto de nós
ficava pedindo para falar baixo uns para os outros para que pudéssemos
dar atenção ao que ele tinha a dizer, e ela iria para a cozinha para ter
um lugar de paz e quietude. (Fico imaginando agora se ela ia ali às
vezes para orar para que o estranho fosse embora.)
Papai
governava nosso lar com certas convicções morais, mas o estranho nunca
se sentia na obrigação de honrá-las. Palavrões, por exemplo, não eram
permitidos em nosso lar — nem a partir de nós, nem de nossos amigos e
nem de nenhum visitante. Mas nosso visitante de longa data escapava
impune com palavras feias que me ardiam nos ouvidos e faziam meu pai se
torcer e minha mãe corar de vergonha. Meu pai não me dava permissão de
usar álcool, mas o estranho nos incentivava a prová-lo numa base
regular. Ele fazia os cigarros parecerem bacanas, os charutos masculinos
e os cachimbos distintos. Ele conversava com liberdade (excessiva
liberdade!) sobre sexo. Seus comentários eram às vezes descarados, às
vezes insinuantes e geralmente de dar vergonha.
governava nosso lar com certas convicções morais, mas o estranho nunca
se sentia na obrigação de honrá-las. Palavrões, por exemplo, não eram
permitidos em nosso lar — nem a partir de nós, nem de nossos amigos e
nem de nenhum visitante. Mas nosso visitante de longa data escapava
impune com palavras feias que me ardiam nos ouvidos e faziam meu pai se
torcer e minha mãe corar de vergonha. Meu pai não me dava permissão de
usar álcool, mas o estranho nos incentivava a prová-lo numa base
regular. Ele fazia os cigarros parecerem bacanas, os charutos masculinos
e os cachimbos distintos. Ele conversava com liberdade (excessiva
liberdade!) sobre sexo. Seus comentários eram às vezes descarados, às
vezes insinuantes e geralmente de dar vergonha.
Hoje
sei que meus primeiros conceitos sobre relacionamentos foram fortemente
influenciados pelo estranho. Frequentemente, ele se opunha aos valores
dos meus pais, mas raramente era repreendido… E ninguém NUNCA lhe
ordenou ir embora.
sei que meus primeiros conceitos sobre relacionamentos foram fortemente
influenciados pelo estranho. Frequentemente, ele se opunha aos valores
dos meus pais, mas raramente era repreendido… E ninguém NUNCA lhe
ordenou ir embora.
Mais
de cinquenta anos se passaram desde que o estranho foi viver com nossa
família. Ele se adaptou na mesma hora, mas não é praticamente tão
fascinante quanto era antes. Contudo, se você pudesse entrar na casa dos
meus pais hoje, você ainda o veria sentado no canto, esperando que
alguém lhe dê atenção e assista-o mostrar seus quadros.
de cinquenta anos se passaram desde que o estranho foi viver com nossa
família. Ele se adaptou na mesma hora, mas não é praticamente tão
fascinante quanto era antes. Contudo, se você pudesse entrar na casa dos
meus pais hoje, você ainda o veria sentado no canto, esperando que
alguém lhe dê atenção e assista-o mostrar seus quadros.
O nome dele?…
Nós o chamamos simplesmente de “TV”.
Ele tem uma esposa agora… Nós a chamamos “Computador”.
Seu filho é o “telefone celular”.
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