“O capitalismo requer competitividade” e “Hierarquia social e concorrência desigual”, discorreremos agora sobre o papel da ideologia (conjunto de idéias e pensamentos) e sua relação com a política e, por extensão, com a qualidade de vida da maioria da população.
De antemão já sabemos que os principais meios de comunicação das cidades, estados e países são controlados por uma minoria. São os indivíduos oriundos das famílias mais abastadas que controlam os meios de comunicação social.
Tais veículos, entre os principais a televisão, o rádio e os jornais impressos, são os principais responsáveis, juntamente com a instituição escola e religião (através das respectivas igrejas) por propagar, através dos seus discursos, princípios, normas de conduta, valores etc, a ideologia que domina na sociedade em geral.
Esses veículos, até por serem controlados pela minoria mais abastada da sociedade, termina por - mesmo que involuntariamente -, difundir a ideologia dessa minoria para a maioria.
A ideologia - o conjunto de idéias e pensamentos - de uma minoria, que controla os meios de comunicação social de massa, se revela na reprodução, pelas massas populares, da maneira de pensar e se comportar dessa maioria.
Ou seja, no geral, a maioria da população, sem pensamento crítico, assimila os costumes, valores, conceitos e padrão comportamental da minoria dominante que controla os principais meios e comunicação de massa.
É nesse sentido que dizemos: o papel reservado a tais veículos é reproduzir o estilo de vida das classes economicamente privilegiadas, tornando desejável aquilo que é impossível, ao mesmo tempo, para toda a população. O estilo de vida de uma classe, que é a minoria, torna-se o objetivo da maioria. Daí a moda, os ídolos, as musas e o desejo de ser rico.
Se tiver estilo próprio, fora dos padrões ditados pela mídia, estará fora da moda, é brega, é pobre. Se não reproduzir nas conversas, o que está sendo repetido nos jornais diários ou nas novelas, então estará desinformado – ocorre que muitos acontecimentos importantes diários não são noticiados, há, de fato, um monopólio da notícia pelos principais meios de comunicação.
Quando a maioria da população aceita pensar e viver um estilo de vida que não é o mais apropriado ao seu está adotando uma maneira de pensar incoerente ao seu padrão de vida. Você se nega a aceitar o seu modo de vida e adota o modo de vida do outro. A negação da sua própria condição é o que chamamos de alienação.
Quando o estilo de vida de uma minoria é aceito, adotado, para ser modelo de vida para uma maioria - que não está adequada àquelas condições -, dizemos que a ideologia de uma minoria passou a ser paradigma para a maioria. Ou seja, o estilo de vida, incluindo a cultura, de uma minoria economicamente privilegiada passa a ser hegemônico, como se todos fôssemos economicamente e culturalmente iguais.
Certamente por isso quando votamos(elições) nunca nos identificamos com os candidatos originados da classe social com menor poder aquisitivo. Os pobres não votam nos pobres. Os pobres votam nos ricos. Os pobres, negando a sua própria condição, votam nos ricos, com os quais se identificam sob o aspecto ideológico, cotidianamente reforçado pelos meios de comunicação de massa.
A prova da negação da identidade cultural da maioria da população está no Congresso Nacional. Sendo uma instituição “representativa”, a maioria dos deputados e senadores deveria ser proveniente da maioria da população, no entanto, como nas universidades brasileiras, a relação é inversa.
Hoje, a maioria do congresso nacional é composto por deputados e senadores provenientes das classes com maior poder aquisitivo. Esses, teoricamente representantes do povo, economicamente não o representam.
Certamente por isso os maiores problemas do povo brasileiro não são seriamente debatidos e as soluções demoram a aparecer. Os ricos, de maneira geral, não estão preocupados em resolver os problemas dos pobres, pois eles nem sabem o que é isso. E, um dos maiores problemas dos pobres é o acesso a educação pública de qualidade.
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