As novelas educam? Conscientizam? Ou são o perfeito mecanismo de alienação da população? E a TV, em geral?
Se por uma frente há o grupo que defende que telenovelas não privam a população de bobagem e de conteúdos que simplesmente ignoram - e, convenhamos, mais do que abusam - as regrinhas básicas da ética social, da adequação dos conteúdos à idade teórica do público que está assistindo, há um grupo opinativo que abomina as pesadas críticas feitas aos conteúdos televisivos.
"Quem acha que novela aliena está na verdade chamando o povo de débil mental”, pondera a professora Maria Aparecida Baccega, em entrevista à revista Veja, ainda na década de noventa, quando a febre dos reality shows ainda não contaminara a população. De acordo com a professora, a novela levaria um novo âmbito de debate às casas brasileiras - conquanto mostrava cenas de violência contra a mulher, preconceito, racismo - e ampliaria o leque de participação social da população, que passaria então a ter em seu vocabulário temas pouco priorizados pela mídia sensacionalista política.
E me peguei pensando essa semana nos programas que eu assistia quando criança. Lembrei das velhas programações da TV Cultura. Lembra da musiquinha de lavar as mãos - uma mão lava a outra! -, que tinha o vídeo exibido a intervalos curtíssimos de tempo? E do ratinho do eterno Castelo Rá-Tim-Bum, que fazia uma super campanha em favor do banho? E aqueles programinhas infantis que falavam da importância do uso sustentável dos recursos terrestres e davam noções básicas sobre a sociedade em geral? Desculpem se estou parecendo um velho que ficou trancado n'O Fantástico Mundo de Bob, mas o que quero dizer é: qual a noção de programas educativos que temos hoje em dia?
Os reality shows exploraram ao máximo - e até a ultima gota - a condição de depravação social a que o mundo se condicionou. A campanha da "vida real filmada 24 horas por dia" simplesmente invadiu qualquer estabelecimento que abriga uma televisão. Simplesmente, a mídia conseguiu deferir o golpe mortal em mais de 50 milhões de pessoas que pegam seus telefones, com o poder de decidir 'quem fica'. Por favor, não estou definindo uma estereotipação de que quem participa desse tipo de campanha está sendo enganado e idiotizado - você decide quem fica na casa! Asseguro que se fosse uma programação de mau gosto na opinião do povo, não estaria mais sendo exibida. Não sei qual o verdadeiro conteúdo educativo escondido nos programas de hoje, mas garanto que não é graças a eles que aprendi ainda criança que "banho é bom, banho é muito bom!".
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